sexta-feira, outubro 31, 2003

Vergonhas

Passaram já muitos dias, mas nem apetecia escrever sobre a coisa, de tão vergonhosa.
A menina violada e assassinada pelo próprio pai com a cumplicidade objectiva de quem a devia ter protegido em nome do Estado é um acontecimento indescritível.
Inquérito rápido houve mas não deu em nada. Como todos lá na Comissão de Protecção a eles mesmos disseram estar de acordo com a devolução da miúda ao pai, ninguém vai ser punido.
Pois é, deviam era ir todos para o olho da rua, por telefone ou fax, como foram há uns tempos uns boys do PS quando chegou o Bagão ao ministério. Estes devem ser boys e girls do PSD e do PP, por isso ficam a fazer o bom serviço que se vê e a encobrirem-se em manada, ou melhor, em vara.

Coelhone é o maior

Jorge Coelho foi à Assembleia da República dizer umas banalidades contra o Governo. Nada de especial, apenas um desempenho mediano.
Foi aplaudido de pé pela bancada do PS e elogiadíssimo por um dos líderes da bancada do PSD.
É impressão minha ou há aqui gato, perdão, coelho com o rabo (bem grande, por sinal) de fora?

Senilidade

A senilidade é uma consequência natural da vida.
No entanto, algumas personalidades deviam ter quem as avisasse quando o estado avançado da decrepitude mental recomendasse que não fizessem declarações públicas.
O caso do Pires de Lima Sr é extremamente evidente mas o problema deve ser de família e progressivo porque o Pires de Lima Jr também já demonstra indícios preocupantes da coisa.

domingo, outubro 26, 2003

Isto é um blog

Contra todos os meus princípios recomendo um blog a sério, o do Gato Fedorento. Assim é que é, nada cá daquelas mariquices, cheias de links e paisagens.

Cabeças amovíveis

Cardoso e Cunha queixa-se dos pilotos e diz que, na TAP, a cabeça dele é que está em jogo.
Três notas sobre esta observação:
a) Os pilotos, afinal, trabalham mais e ganham menos que ele e têm a vida de centenas de pessoas nas mãos.
b) A cabeça dele também não vale assim tanto.
c) Mesmo que a cortem, não faz diferença, porque a voltam a colar à frente de outra empresa pública ou participada, instituto público ou empresa privada amiga.

Coincidências

Porque será que as principais eminências pardas de António Guterres (António Vitorino e Jorge Coelho) tiveram percursos paralelos, apenas com uns aninhos de diferença, e querem ver longe a diferença do partido.
Ambos foram considerados uns fenómenos (um mais intelectual que outro), ambos se puseram a andar quando acharam que já chegava de experiência executiva (com pretextos menos límpidos do que à época terão parecido à opinião pública), ambos se dedicaram a actividades bem melhor remuneradas que a política, em sentido restrito, e ambos não querem voltar a dar o corpo ao manifesto pela “rosa”, quando parecem ser tão desejados.
Podem ter razões tão válidas para o não regresso como os que apresentaram para a partida, mas tudo se resume a trajectos de vida. A “res publica” é atractiva enquanto dá mais que a concorrência, interna ou externa. Um é porque é fundamental na Europa, outro é porque é fundamental sei lá onde. O traço de união está num conforto, um desafogo, sei lá se espiritual se material, que a vida lhes trouxe após passagens pelo poder executivo que, embora curtas, trouxeram conhecimentos e abriram portas de uma utilidade inestimável.
Agora, claro, estão indisponíveis para ir para um lado onde lhes podem ouvir os palavrões ao telefone, onde são obrigados a beijar peixeiras de farta bigodaça e crianças ranhositas, com remunerações bem abaixo das que agora auferem. Porquê voltar para trás ?
Já, por seu lado, o Carrilho, bem se esforça, mas ninguém o parece querer, Bárbara à parte.
Arranjem-lhe uma colocação com mordomias a preceito e vão lá ver se ele – apesar da vaidade – não se esquece das aspirações políticas.

quinta-feira, outubro 23, 2003

Genialidade humorística

Para todos os que afirmam que o génio do Herman José está em decadência, no programa do Domingo passado ele fez uma demonstração cabal do contrário. Perante a Directora do Bailado Nacional da Geórgia, perguntou-lhe de que país era natural.
Agora digam lá que não teve graça a rodos.

Verdades

Ontem na "Opinião Pública" da Sic-Notícias o advogado coimbrão António Marinho esteve bem em dois planos:
Em primeiro lugar não parecia o dono de uma tasca, como quando aparece muito transpirado e avermelhado, de manga arregaçada e suspensório à mostra.
Em segundo, disse e muito bem, que ninguém pode esperar que uma polícia de investigação cujo Director é nomeado pelo Governo vá investigar a fundo membros desse mesmo governo. Melhor ainda, falou de alguns políticos que enriqueceram à custa/graças ao exercício de cargos públicos, e que agora aparecem a falar com ares de grande autoridade e reserva moral da Nação, embora ostentam com "obscenidade" [sic] a sua riqueza.

Não sei porquê ocorreram-me vários nomes à cabeça, sei lá, tipo Dias Loureiro, Ângelo Correia e outros ex-cavaquistas, pois o período 85-95 deu para muito.
Embora o período 96-02 também já tenha dado para desenrascar alguns guterristas, tipo, sei lá, Murteira Nabo, Jorge Coelho.
Alguém se lembra de mais alguém ?

terça-feira, outubro 21, 2003

Pelo sim, pelo não

Não vá o Diabo tecê-las e a Justiça não encontre a sua inocência (que eu não sei se existe ou não), Paulo Pedroso iniciou o longo caminho da “auto-inocentação” ou “auto-absolvição” se formos mais mauzinhos. Ele é entrevistas à comunicação social, em pose semi-descontraída, semi-reflexiva, ele é promessas de voluntariado, ele é declarações de descoberta do mundo prisional, ele é lamentos sobre a sua pequena filha.
Vamos a ver...
Ele pode ter razão em tudo e tudo isto ser o mundo a cair-lhe sobre a cabeça.
No entanto, aqui ficam algumas notas:

a) Fotos como a da primeira página do “Expresso” sem os “óquinhos” e a outra no miolo a morder a haste fazem pior pela imagem dele que 3 testemunhas de acusação.

b) Se desconhecia o mundo prisional, talvez esteja na
carreira errada porque desconhece o mundo real.

c) Se só através de provações, descobriu a sua vocação de benfeitor para a sociedade, talvez fosse melhor ficar calado.

d) Por fim, nem todos os arguidos na situação dele têm padrinhos na Presidência da República e todo o aparato dirigente de um grande partido político a mover cordelinhos para o safar.

Lixo escondido com o fedor de fora

Duas semanas antes de abrir a Expo98 tive a possibilidade de visitar o espaço, que estava em final de preparativos. Por todo o lado ainda havia entulho e restos das obras amontoados. Quando perguntei a uma pessoa responsável o que seria daquilo, disse-me que iriam estender uns tapetes de relva e que daí a dias nada se veria.
E foi verdade. Dias depois, lá voltei e vi as elevações de terreno verdejante, sob as quais estavam todos os detritos acumulados ao longo de meses.
Já na altura, aquilo me pareceu uma metáfora para o nosso país. Somos os mesmos de sempre, quantas vezes para pior, mas com uma patine de modernidade a tapar os podres e a pobreza (material, espiritual) de sempre. Quando se raspa o verniz, estala tudo à volta e aflora toda a porcaria que sempre cá esteve.
Com tudo o que este ano de 2003 nos brindou (da pedofilia aos incêndios, das cabalas do Rato à prostituição de Bragança, do papel higiénico dos protestos estudantis às “cunhas” dos Ministros), parece-me que a patine estalou de vez, a relva secou, e o entulho começa a ficar à mostra.
O nosso país é uma manta de retalhos, em que o século XXI está mal cosido às permanências do Antigo Regime (não só salazarista mas mesmo pré-liberal), a “choldra” de D. Carlos pouco mudou e está pior que governável, porque agora “governa-se”.
Talvez as pessoas que vemos a falar na televisão ganhem alguma aura – quiçá dignidade – com o tempo, mas por enquanto são uns simulacros de líderes (políticos, de opinião, culturais, económicos). A sua pequenez é tanto maior quanto mais os comparemos com os seus antecessores, eles próprios muitas vezes longe do desejável.
O “chico-espertismo”, a incompetência arrogante, a ineficácia pomposa, a fácil verborreia vazia de significado, estão entre nós para durar, e não são umas quantas viagens a Paris, Londres, Bruxelas ou Nova Iorque, que fazem desaparecer traços de carácter bem entranhados.
Chegámos a um ponto, em que o mais decente é tentar não ter nada a ver com isto e nem vale a pena escapar para outras paragens, porque por lá nos arriscamos a encontrar os “portugueses de sucesso” que mandartam colocar a relva em cima do entulho e se foram embora com o dinheiro da empreitada da sua remoção.

segunda-feira, outubro 13, 2003

Que histeria, senhora...

A dra. ex-embaixadora Ana Gomes hoje esteve quase em simultâneo em todos os noticiários da noite. Eu bem fazia zapping mas ela aparecia-me em todo o lado, a gritar como um bébé mal desmamado, com o mesmo fato, a mesma expressão de arreganho e pertinácia (direitos de autor para o saudoso Alves dos Santos, para quem se lembra), o mesmo descabelamento anti-pedófilo, e porque sou mãe, e porque sou avó, e porque, e porque, e porque, e porque...
Meu Deus, meu Deus, meu Deus...
Não sou crente, mas a esta altura do campeonato só uma intervenção do além nos pode salvar.

Crispação juvenil

Nas notícias de um qualuqer canal, uma líder estudantil dizia que a juventude estudantil está crispada. Eu diria antes eriçada a avaliar pelo aspecto da dita líder. Se me orgulho de algo no meu passado académico é do cuidado extremo que pus em não me misturar com coisas que respondessem pelo nome colectivo de Associação de Estudantes. Quase escapei, mas ainda fui obrigado a uns contactos muito tangentes com a tribo. Nunca percebi porque os rapazes falam tão alto, gesticulavam tanto e estavam contra tudo, principalmente contra o que não percebiam (o que, por definição, era tudo). Nem nunca percebi porque todas as raparigas activistas pouco se distinguiam dos rapazes, acne e buço juvenil incluídos. E porque todos eram versões – antes desta moda agora de voltarem às capas tradicionais na hora dos telejornais – envelhecidas do Yasser Arafat, com o lenço palestiniano pelo pescoço, cabeça, cintura ou sei lá que partes ocultas.
Tive a sorte de só assistir de longe à tomada do poder na AE da minha Faculdade pela pré-“juventude” bloquista (na altura ainda respondiam por PSR). Aquela malta toda junta tinha 10% dos neurónios de quem os manipulava de fora, a partir do próprio corpo docente da casa. Faziam era muito barulho e, como os papás e as mamãs em meados dos anos 70 embora com menos talento, borravam as paredes. E, como os progenitores e/ou os seus inspiradores, tinham (têm) tanto respeito pela democracia e liberdade de opinião como eu pela honestidade de um dirigente futebolístico de sucesso. Vá de fechar as portas a cadeado e de berrar nas RGA’s quando a conversa não lhes agradava.
Quando vejo a nova geração contestatária – cujos cabecilhas são normalmente colocados onde estão pela “Jotas” e obedecem ás voz do dono como ninguém – lembro-me das que conheci nos últimos 20 anos e dos seus “sucessos”. Só para dar um exemplo, ainda alguém se lembra de um tal Vigário (estava com ar anafadamente respeitável no debate da RTP1) que, nos tempos do cavaquismo, berrava como ninguém em Coimbra ? Procurem por ele e vejam lá monde ele se acomodou logo depois de acabar – por fim – o raio do curso ? Vejam lá se a paga não valeu o gasto de pastilhas para a garganta ? Acham que, se não tivesse berrado o que berrou, com ou sem razão, tinha logo sido convidado para um gabinete de ilustres casuídicos do PS ? >Se acham que sim, se calhar fizeram parte da carneirada que foi atrás da conversa.

Levanta-te e ri...

Jorge Lacão ainda é o Presidente da Comissão de Ética do Parlamento português.

Prontuário ortográfico

O pessoal do PS parece que engoliu um dicionário ou então andam na fase da descoberta de palavras novas. Primeiro era a “cabala”, agora é a “urdidura”. O que vale é que, se estão a ir por ordem alfabética, já estão perto do fim. Não seria mais fácil dizer “intriga” ou mesmo a popularucha” tramóia” ? “Cabala” faz pensar que é práí uma conspiração israelita, com a Mossad à mistura, “urdidura” que é uma conspiração da malta dos tapetes de Arraiolos.
Vejam lá se explicam o que querem em linguagem que se perceba.

sábado, outubro 11, 2003

Próximos capítulos da Galeria dos Génios Nacionais

Anunciam-se para breve:

Parte II - Génios e Profetas do pensamento Neo/Pós/Ultra Liberal - João Carlos Espada

Parte III - Binómio Ciências Biológicas, Sex-Symbols e Verborreia Incontinente - Clara Pinto Correia

Parte IV - Arautos da Ética Global (desde que não metam ao barulho amigos meus e o FCP) - Miguel Sousa Tavares

Parte V - Grandes Comunicadores Televisivos que fazem sempre o mesmo programa (Júlio Isidro, Francisco José Viegas, muitos etcs)

Parte Vb - Grandes Comunicadores Televisivos que fazem tudo (Jorge Gabriel)

Parte VI - Raparigas Giras de Boas Famílias e Grande Consciência Social (Manifestada em todos os anos bissextos acabados em 9) - Margarida Pinto Correia, Catarina Furtado, Margarida Martins (gira ?) e outras

Galeria dos génios nacionais – Parte Id (Ciências Sociais, Política e Revolução, muita REVOLUÇÃO, para abreviar)

Aqui entramos num terreno emaranhado de grandes vultos, sendo difícil descortinar qual o mais brilhante. Será o Portas Júnior Sénior, será o Louçã, será a jovem Amaral Dias (quem...), será o Garcia Pereira, será a Carmelinda Pereira, será o Pacheco Pereira (what...?) será quem ?
Estava a brincar, era só palhaçada, porque líder da REVOLUÇÃO TOTAl em Portugal só existe um, o grande líder das massas populares proletárias (por reforma do original, Arnaldo de Matos) o GRANDE, convexo, obtuso, sempre jovem e antifáxista e regurgitante Fernando Rosas, historiador nos tempos livres e grande capo, perdão, capitão da investigação sobre o Fáxismo em Portugal.
Génio de pensamento político claro, sobre a sua inevitável subida ao poder já surgiram imensas obras proféticas num passado única e exclusivamente atapetado para o seu advento.
Alguns exemplos ? Em quem acham que Nietzsche estava a pensar quando escreveu sobre o “Super-Homem” ? No Clark Kent ? Não....
Quem pensam que foi premonitoriamente anunciado como “Big Brother” pelo Orwell ? A Teresa Guilherme ? O Pedro Miguel Ramos ? O Zé Maria ? Dahhh....
Em minha opinião, todo o século XX, da Revolução de Outubro às Guerras do Golfo, passando pela noite das Facas Longas e pela Revolução Cultural Chinesa, tudo não passou de um prolegómeno à ascensão do grande Fernando Rosas ao poder em Portugal, em particular, e no Mundo, mais em geral.
Um dos últimos sinais foi aquela candidatura a Presidente da República, mero exercício formal e anúncio de que a dominação global se avizinha.
Ao contrário de outros, a este a realidade não verga.

Galeria dos génios nacionais – Parte Ic (Ciências Sociais, Política e Revolução Social, para abreviar)

Mais um exemplo maior de génio do pensamento político-social cósmico a que só o injusto atraso de um século e tal no nascimento retirou maior protagonismo é o de Boaventura Sousa Santos.
Vanguardista do pensamento do senso-comum, detractor da ciência como fonte de obscurantismo, inventor do “paradigma emergente”, BSS é o infeliz revolucionário sem revolução à mão. Como se o Lenine tivesse nascido no mês passado ou o Savonarola fosse filho de um dos cardeais tridentinos, BSS foi traído pela sua época.
O mais que se arranjou foi um Fórum Social, à falta da Revolução Social. Tivesse ele vivido entre finais do século XIX e início do século XX e a face da Terra não seria a mesma. Teríamos metade do mundo à imagem da Albânia ou mesmo da Coreia do Norte. Certamente que não teríamos problemas ecológicos, pois ainda andaríamos todos de bicicleta e de arco e flecha, à moda do bom selvagem amazónico.
A isto chama-se visão prospectiva regressiva pré-ecológica emergente.
Na falta de uma época à sua medida, BSS vive amargamente de subsídios para investigar esta, do alto de um Observatório que desmerece uma personalidade a que só milhares de estátuas monumentais espalhadas por todo o Hemisfério Norte (e Sul, já agora) poderiam fazer devida justiça – em fato de passeio, saudando o povo, de sorriso aberto no rosto e escopeta ao ombro.

Galeria dos génios nacionais – Parte Ib (Ciências Sociais, Política e Cosmos, essencialmente)

Competindo com o António Barreto, num patamar etilicamente cada vez mais elevado, temos outro génio da mesma geração que desabrochou também nos anos 70 e tem levado as últimas décadas a zurzir em tudo o que mexe e com quem não bebe uns copos no Gambrinus.
Claro que já adivinharam que estamos a escrever sobre outro dos epígonos da genialidade lusa, Vasco Pulido Valente, o cavaleiro da pena escrevinhadora, o infatigável campeão das opiniões indemonstráveis e arauto da ética política de que nunca foi grande praticante, em particular da lealdade, embora isso se justifique pelo facto dos seres superiores a merecerem mas não a deverem.
VPV para além de antifascista (acho que ele, apesar de tudo, não terá vergonha de reclamar os seus pergaminhos nesta área a par dos seus contemporâneos do PS e BE), Secretário de Estado de qualquer coisa e cronista/jornalista intermitente, é historiador de créditos firmados e sempre ratificados em crónicas do “Independente” a cada nova reedição das suas obras de juventude.
Estamos, pois, perante, mais um génio de saber global como só Portugal consegue produzir em massa e que, encontrando-se aos milhares pelos cafés do país, ganha dimensão galáctica quando tem expressão na opinião publicada. Infelizmente, as suas presenças na TV tem vindo a diminuir (invejas...) com o pretexto que cada vez se percebe menos o que diz, antes ou depois das refeições (calúnias!!!).
Mas, como não poderá deixar de ser, o mundo acabará por se render (e não só a Constança) aos eflúvios resplandecentes de tamanho intelecto.

Galeria dos génios nacionais – Parte I (Ciências Sociais, Política e Cosmos, essencialmente)

Começamos hoje uma análise, obrigatoriamente longa, da galeria dos génios nacionais. Ao contrário do que as estatísticas internacionais sobre a Educação, Ciência e Tecnologia ou mesmo dos Prémios Nobeis atribuídos, Portugal é o território com o mais elevado ratio génio/população morta ou viva que existe em toda a Via Láctea e galáxias adjacentes.
Eles (mais que elas) são tantos que é difícil escolher por onde começar. Mas, enfim, por alguém devemos arrancar por isso vou começar por um dos mais insignes e evidentes, ou seja, o político, cronista, opinion-maker, cientista social, ex-ministro, ex-deputado, potencial Presidente da República frustrado, que assina e responde pelo nome de António Barreto.
O homem é um portento.
Desde que foi ministro nos idos de 70 e sozinho derrotou as falanges totalitárias do PCP no Alentejo que se afirmou como a incarnação do sábio iluminado destinado a um lugar ímpar na condução dos nossos destimos colectivos.
Só a sua visão tornou possível um trajecto político de coerência extrema, ao sair do PS pela direita alta para a AD, nele reentrando pela esquerda baixa, sempre em busca de novo cargo de responsabilidade executiva. Derrotada pelas invejas alheias, escreveu centenas de páginas a criticar todos aqueles de que se aproximou e que, na sua visão clara e límpida das coisas, trairam os seus (dele) princípios, aqui se incluindo todos os líderes do PS das últimas décadas.
A sua sapiência transborda por todas as áreas do conhecimento humano e sobre tudo escreve e tudo investiga, desde que o Estado subsidie os alunos(as) que fazem o trabalho, porque isto de pensar criticamente exige muito tempo.
Com conhecimento de causa, despreza todos os seus contemporâneos que mais longe que ele chegaram na vida política, do mero Presidente de Câmara (espécie rastejante e das mais baixas na escala da vida política, só acima de vereador com o pelouro do Urbanismo ou Presidente de concelhia de partido político) ao próprio Presidente da República.
O homem tem uma visão que, como a de todos os predestinados, não mudou no último quarto de século e que é grandiosa: a do seu destino como grande pensador e estratega político nacional, a quem os destinos do reino, perdão, república, deviam estar entregues.
O único problema é que a realidade – subsídios para pesquisa e espaço na imprensa à parte – insiste em não lhe fazer a vontade.
Mas um dia justiça lhe será feita e então sereu eu visto como o primeiro profeta da sua genialidade.

Cansaço, certamente

O director do Expresso deve andar muito cansado. Escreve toda a crónica deste sábado trocando o que, pelo menos um tipo na posição dele, não devia trocar. Insiste em chamar Ministro da Educação a Pedro Lynce e fá-lo repetidamente. Ou ele nunca olhou para a orgânica do novo governo ou anda com as noites trocadas. Da Educação ministro é David Justino, homem; veja lá se atina porque ainda na semana passada um dos seus assalariados escrevia toda uma crónica no caderno “Actual” a gozar com esta falta de rigor e este excesso de enganos nos meios de comunicação social, quando se escreve e se não verificam as coisas. E, sejamos francos, ter uma semana inteira para escrever umas centenas de palavras e cometer erros destes é mesmo colocar o rabinho a jeito para levar umas palmadas.

quarta-feira, outubro 08, 2003

Democracias

A construção dos sistemas liberais ocidentais passou pela uniformização da lei e pela sua igualdade perante os cidadãos, substituindo o carácter particularista do modelo legal de origem medieval.
As excepções às leis gerais devem ser, portanto, mínimas e no sentido de corrigir, discriminando positivamente, quem é vítima de uma situação que a desfavorece e pela qual não é responsável.
É o caso evidente da protecção às pessoas com deficiências físicas. É o caso, num outro contexto, da protecção a minorias étnicas, religiosas, culturais, etc, ou mesmo da protecção á maternidade.
Muito diferente é a protecção a profissões que, como os diplomatas, está longe de ser de risco e é assumida de moto próprio, com consciências das vantagens (bastantes) e desvantagens (poucas). Por isso, esta é uma das carreiras mais apetecidas e de mais difícil acesso.
Agora não venham defender os coitadinhos dos embaixadores e das suas famílias e defender a moralidade (ou legalidade) de medidas de excepção sobre estatutos já eles próprios excepcionais.
Um mínimo de decoro, por favor...

Palavra de honra

Palavra de honra que, desde que nasci, não tenho responsabilidade ética alguma por respirar.

Que saudades

Bons velhos tempos em que o Santana Lopes dizia o que pensava, mesmo quando era disparate. Agora dá-se uns ares de respeitável, a pensar em Belém e a assumir o cargo de vice do PSD.
Na SIC, a tentar justificar o injustificável (ou seja, o Martins da Cruz), embrulhou-se todo, só disse coisas entarameladas e fez uma triste figura.
Antes ter ido ouvir as sinfonias do Chopin ou o que raio era.

Pausa

Estive uns dias fora. Ando a ver se me aceitam como diplomata. A minha filha é pequena, mas não há nada como prevenir o futuro.

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