domingo, outubro 26, 2003

Coincidências

Porque será que as principais eminências pardas de António Guterres (António Vitorino e Jorge Coelho) tiveram percursos paralelos, apenas com uns aninhos de diferença, e querem ver longe a diferença do partido.
Ambos foram considerados uns fenómenos (um mais intelectual que outro), ambos se puseram a andar quando acharam que já chegava de experiência executiva (com pretextos menos límpidos do que à época terão parecido à opinião pública), ambos se dedicaram a actividades bem melhor remuneradas que a política, em sentido restrito, e ambos não querem voltar a dar o corpo ao manifesto pela “rosa”, quando parecem ser tão desejados.
Podem ter razões tão válidas para o não regresso como os que apresentaram para a partida, mas tudo se resume a trajectos de vida. A “res publica” é atractiva enquanto dá mais que a concorrência, interna ou externa. Um é porque é fundamental na Europa, outro é porque é fundamental sei lá onde. O traço de união está num conforto, um desafogo, sei lá se espiritual se material, que a vida lhes trouxe após passagens pelo poder executivo que, embora curtas, trouxeram conhecimentos e abriram portas de uma utilidade inestimável.
Agora, claro, estão indisponíveis para ir para um lado onde lhes podem ouvir os palavrões ao telefone, onde são obrigados a beijar peixeiras de farta bigodaça e crianças ranhositas, com remunerações bem abaixo das que agora auferem. Porquê voltar para trás ?
Já, por seu lado, o Carrilho, bem se esforça, mas ninguém o parece querer, Bárbara à parte.
Arranjem-lhe uma colocação com mordomias a preceito e vão lá ver se ele – apesar da vaidade – não se esquece das aspirações políticas.





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