O Espelho das Virtudes

No referendo sobre o aborto votei a favor da sua discriminalização.
Sou contrário às posições hipócritas e pseudo-moralistas do binómio CDS/PSD nesta matéria.
Mas ainda detesto mais visceralmente os aproveitamentos bloquistas e afins nestes assuntos.
Detesto o sôr Louçã a falar como se pregasse aos peixinhos a verdade absoluta, sempre com o povo na boca.
Caramba, o referendo deu no que deu. O povo baldou-se na época e quem lá foi decidiu o que decidiu.
O povo só interessa quando nos obedece ?
Do que adianta irem-se lamuriar para Bruxelas os sôres deputados rosinhas, com a Barbie/Colagénio/Edite, à cabeça ?
O que têm feito para esclarecer estas matérias para além de histerias sempre que há hipótese de cobertura mediática.
O estranho neste barco do aborto é que, ao contrário do que seria de esperar, os ditos cujos não de lá saem mas, pelo contrário, sobem a bordo de sorriso nos lábios e câmara de televisão atrás.

Hoje deu-se mais um episódio no vergonhoso processo de colocação de professores para o novo ano lectivo.
Os interessados são cerca de 110.000, para não falar dos alunos e famílias.
Do papel do Min. Educação não vale a pena falar.
Do dos sindicatos pouco adianta também.
Em termos noticiosos, nos canais generalistas, a notícia passou nos noticiários da noite, entre as 20.36 (TVI) e as 20.59 (RTP, canal de serviço público).
Até lá podemos saber exaustivamente o que se passou com as decidões judiciais do processo da Casa Pia, do rapaz que saiu do coma, após ter levado com uma baliza em cima, do atraso dos voos da Yes e do malfadado "Barco do Aborto".
O que interessa que o maior grupo profissional com qualificações académicas superiores tenha vindo a ser longamente desrespeitado ?
Pouco, ao que parece.
O que interessa é o Louçã a ir ao dito barco do aborto.
O que interessa é que os juízes em Portugal fazem o que lhes apetece, quando calha.
O que interessa é um monte de turistas retidos no México.
O destino de dezenas de milhares de docentes e de centenas de milhares de alunos é assunto de pouca monta. pois a Educação entre nós não passa de um acessório estatístico.
No fundo, só temos o que merecemos.

José Sócrates apresentou a sua moção de estratégia ao Congresso do PS.
Esteve ladeado por uma senhora que não conheço, pelo Jaime Gama e pelo sempre jovem Sérgio Sousa Pinto.
Esta última criatura que já foi um estridente jotinha rosinha, passando directamente a deputado e eurodeputado sem qualquer qualidade que ultrapassasse a sua estridência inócua, a certa altura do seu percurso incipiente colou-se à esquerda do PS e até pareceu querer serum herdeiro de Mário Soares de tanto o apaparicar nas estadias por Bruxelas.
Agora, perante as novas conjunturas, e vendo que o Soares Jr. não tinha grandes hipóteses, adesivou ao centro/direita do PS e a José Sócrates porque essa lhe parece ser a solução vencedora.
Claro, para quem não sabe fazer mais nada do que mamar na teta da política, seria inglório à chegada aos trinta ficar sem que fazer, quando nada se sabe fazer.
Por isso lá se tornou ele um adesivo à bela velha moda dos vira-casacas da I República.
Nada que não se esperasse, mas que é sempre triste ver confirmar este tipo (oportunista) de velhice prematura.

Por razões que aqui não interessam especificar, revi uns episódios da Rua Sésamo de 1989 em que, entre outros(as), entram algumas figuras públicas do nosso mundo do espectáculo como Vitor Norte e Alexandra Lencastre.
Como o tempo muda as pessoas.
Ao Vitor Norte deu uma patine azeiteira que se não adivinharia.
À Alexandra deu muito melhor aspecto e melhor gosto, embora o tempo tenha sido muito ajudado, em primeiro lugar, pelo dinheirinho da endemol, e, last but not the least, pela cirurgia plástica.

João Mário Grilo é um dos muitos geniais cineastas portugueses.
Pelo menos é assim que ele e os seus mais chegados amigos o consideram.
Por mim, a sua carreira começou e acabou com O Processo do Rei.
Como aquilo lhe saiu direitinho achou-se o máximo a partir daí e o resto foi sempre a descer para a auto-indulgência, a referência cinéfila vazia e os tiques intelectualóides de quem se acha o sucessor directo de Manoel de Oliveira e João César Monteiro, acumulando os seus defeitos e nenhuma das suas qualidades.
Na ausência de outra ocupação pública mais visível, faz crítica generalista de cinema, tv e exposições na Visão e, por regra, asneira que se farta.
A última é sobre a cobertura da RTP dos Jogos Olímpicos. Como não vê tv, embora exerça a crítica, perora sobre o facto da televisão pública apenas se interessar pelo futebol, ideia que colheu nos textos de divulgação no site da RTP. E lamenta que todas as outras modalidades sejam transmitidas a desoras e em diferido.
Infelizmente, não vê televisão por isso não conseguirá perceber a estupidez do que diz.
As transmissões em directo existem na 2, na RTPN (Cabo) e na própria RTP1, durante a maior parte do dia, chegando a estar a ser transmitidas 2 ou 3 modalidades diferentes, conforme o canal. Isto para não falar do que passa no Eurosport (cabo).
Na 2 até a programnação infantil foi substituída a partir das 9 da manhã por sessões de vela, halterofilia, ginástica, etc, etc. Se isto é a desoras é porque é em directo – a Grécia não está no nosso fuso horário. Para ser a horas, se calhar teria de ser em diferido.
Mas tudo isto para João Mário Grilo é irrelevante.
O que interessa é que ele tem uma opinião sobre factos que só existem na sua cabecinha poeirenta e nebulosa.
Longe de tão grande intelecto ir verificar se essas opiniões têm alguma vaga relação com a realidade.
No fundo, as suas opiniões são um prolongamento dos seus filmes, inúteis de tão bons, vazios de tão pretensamente cheios e pretensiosos até ao infinito; ou vice-versa, porque tudo vai dar ao mesmo.

A nossa nóvel Ministra da Cultura (Marião João Bustorff, assim com dois “ff”), quando interrogada pela Visão (nos tradicionais inquéritos de Verão) sobre a sua leitura preferida de um Verão passado, refere o novo livro de Agustina Bessa Luís; quando inquirida sobre quando o leu, diz que ainda o não leu mas vai ler; quando lhe é perguntado o que mais recorda da obra, afirma que é a sua qualidade literária.
Será de mim, ou aqui há qualquer coisa que não bate certo.
Antes de mais, a leitura que mais recorda é um livro que ainda não leu.
Em seguida, consegue recordar a qualidade literária de uma obra que não leu.
Realmente, isto promete.
Eu sei que a mulher é uma socialite, mas não a sabia uma socia-light tipo Elsa Raposo, Pimpinha Jardim ou Lulu Caneças. Caramba, afinal a mulher tem uma dupla consoante no nome.
Tenho a sensação que isto não promete muito sobre as decisões na nossa Cultura.
Cá p’ra mim (embora isso não seja novidade) as coisas vão ser aprovadas antes de ser analisadas, porque a sôra Ministra se recorda da qualidade dos seus autores e assim se poupa tempo.
Já tivemos os Ministros da Cultura que se interessavam fundamentalmente por gajas boas (PSL e MMC para os entendidos), os que não faziam nada de nada (PR e uns quantos que me não lembro sequer do nome).
Agora temos esta tia entendida no que ainda não conhece.
Boa.
Isto é o progresso.

A boa notícia da edição de hoje do Expresso é que a Clara Ferreira Alves fez uma crónica com parágrafos e o discurso directo da forma convencional, mudando de linha, com travessões e tudo.
Não é que a leitura seja muito mais agradável, perspicaz, arguta, menos auto-complacente.
Apenas tem menos palavras.

A má notícia é que um dos poucos opinadores de direita assumidos com um mínimo de nível neste país (João Pereira Coutinho) é amigo (e confessa-o) do Luciano Amaral, o autor de um blog que eu já aqui maldisse e que entretanto mudou de nome. Ora o Luciano é uma besta e, muito pior, uma besta ignorante. Daquelas que descobriram que eram de direita quando aqueles que tinha escolhido para seus mentores de esquerda lhe falharam com a mama. Por isso, o JPCoutinho desceu uns pontitos na minha consideração.

Graças a este estúpido aforismo, são feitas as maiores asneiras com o ar mais cândido do mundo, sabendo-se que a desculpa está garantida.
Então e acertar é o quê ?
Mineral ? Vegetal?
Que merda de desculpa para os incompetentes.

Portugal 2 (brinco na orelha, penteado estiloso)
Iraque 4 (falta de campo para treinar, falta de equipamentos, amadorismo, país em guerra)

É bem feita, que é para o Durão Barroso não ter feito o catering da Cimeira das lajes.

A Rita Ferro Rodrigues está uma radical.
Agora até faz entrevistas sentada sobre as pernas cruzadas no sofá.
É um toque muito pessoal e radical.
Bolas, isto é que é originalidade.
Poças...

A CML assumiu obras coercivas na sede do CDS, as quais pelo contrato de arrendamento eram responsabilidade do partido em causa.
Quem é amigo do Paulinho quem é ?
O Pedrinho é ! E o Carmona também !!!

... o presente Governo mereceria sempre as maiores alvíssaras por ter corrido com o Cardoso e Cunha da TAP.
O baleote foi ao fundo e só é pena que ainda tenha andado tanto tempo a fazer estragos.
Temos um gestor capaz em Portugal - Fernando Pinto - e ainda temos de aturar os mamões de serviço a levantar problemas.
Mais que não faças, Santaninha, esta foi bem feita.

O pequeno gnomo, a.k.a., excelentíssimo senhor (ainda ?, ex ?) comissário europeu (e esperança sebastiânica de todó Portugal ou pelo menos de quase todó PS) manda dizer que não quer ouvir falar em ser candidato a qualquer tipo de cargo.
Colocam-se, perante tal atitude radical, algumas questões:
* Porque carga d'água estão sempre a insistir em que o homem é candidatável para tudo e mais qualquer coisa ?
* Porque será que não quer ser candidato ? Será pelo mesmo tipo de razões que o fizeram (ou fez-se) sair do governo Guterres I ?
* Ou será que não quer "ouvir falar" e quer VER mesmo ser candidato ou SER mesmo candidato ?
* Na Europa não conseguiu encontrar nenhum remédio para a pouca extensão longitudinal do seu envólucro orgânico ?