domingo, março 28, 2004

Alegremente senil

Leio o Expresso desde o início dos anos 80 e compro-o semanalmente desde os 18 anos.
Nos últimos anos quase por reflexo condicionado.
As mudanças gráficas e aparentemente formais dos suplementos deixam-me indiferente, porque o conteúdo pouco muda e raramente é para melhor.
Nos últimos tempos, tenho vindo a apreciar com moderado interesse a entrada na idade senil do nosso maior semanário de referência.
Já nem falo das notícias políticas e económicas “plantadas” cirurgicamente e a pedido dos interessados.
Falo apenas do facto de o Expresso ter assumido a sua faceta Caras com crescente afinco (é a chamada circulação dos conteúdos dentro do grupo Edimpresa).
A entrevista à ex-senhora Pinto da Costa foi o primeiro sinal de grande alarme que a direcção editorial estava a ficar senil. Não se podia dizer que fosse episódio fortuito, mas podia ter motivado a tomada de medicação para controlar a degenerescência.
Após outros episódios menores, a chamada para 1ª página da separação entre “La Marante” e “El Rangel” é o atestado de Alzheimer precoce (o Expresso com 31 anos ainda não devia estar sequer na meia idade) do que já foi uma instituição respeitável.
E depois ainda existem jornalistas da casa (tipo Henrique Monteiro) que aparecem em debates públicos a criticar os tablóides. Pelo menos, esses não andam com peneiras, nem a enganar ninguém e assumem o que vendem.

Sic-Notícias: o logro

Devo ser dos poucos que acha que a Sic-Notícias é uma pobre estação televisiva noticiosa. Raramente intervem em directo com a rapidez necessária, em especial em acontecimentos internos. É mais rápida a dar notícias internacionais, pois dispõe das imagens da CNN e Sky News.
A programação resume-se a rotações de pivots com segmentos noticiosos comuns à Sic generalista, a documentários enlatados que nunca são interrompidos quando estão em curso factos relevantes de notícia, a entrevistas nocturnas pela nossa versão da Madame Tussaud, e a encenações de debate entre figuras políticas do burgo.
Este últimos momentos são os que considero mais confrangedores por diversas razões entre as quais destacaria o facto dos intervenientes estarem sempre mais preocupados em mostrar civilidade e respeito pelo interlocutor do que em exprimir opiniões consistentes, embora polémicas. Os intervenientes, mesmo que de quadrantes políticos diferentes e por vezes bem afastados, parecem estar sempre no mesmo comprimento de onda, mesmo quando discordam. É tudo muito polido, tudo muito pouco sincero ou, talvez mais preocupante, porventura seja o fiel reflexo do pântano lodoso em que vive a nossa classe política. Quando aparece o Ângelo Correia ninguém reconhece o MAI trauliteiro que foi nos início dos anos 80, quando é o Jorge Coelho até parece que é um estadista da velha estirpe, a Leonor Beleza é uma pálida imagem da arrogância passada, o Miguel Portas traz uma versão muito rosada da revolução no discurso e é raro existir um sobressalto. Valha-nos o Saldanha Sanches que, pelo menos, por vezes parece realmente enfadado com tudo isto.
Depois, quase todos estes opinion-makers de pacotilha aparecem a elogiar, em época de aniversário, muito a acção informativa da estação televisiva que lhes paga por meia hora de frases bacocas e desprovidas de eficácia política.
E assim vivemos todos muito felizes, fazendo crer ao vulgo ser de qualidade aquilo que nos dá oportunidade de aparecer.
E todos vivemos muito felizes.

Homem a sério

No final da semana passada, a CNN deu-nos as audições relativas ao inquérito sobre os antecedentes dos atentados de 11/Set. O funcionamento da democracia mostrou-se no seu melhor, embora nem todos os intervenientes honrassem o seu papel. A grande maioria dos interrogados refugiou-se em evasivas e lapsos de memória.
No entanto, um homem sobressaiu entre todos: o responsável em várias administrações pela coordenação das acções anti-terrorismo, Richard Clarke, deu um recital bem elucidativo de todas as limitações do funcionamento da burocracia da Casa Branca. Clareza das respostas, desmontagem dos processos intrincados de decisão, revelação das enormes insuficiências do processo. Num dos moemntos mais deliciosos do interrogatório, um senador republicano tentou acusá-lo de mentir por ter dado conferências de imprensa a defender a política de Bush, ao que ele respondeu que quando se trabalha para o Presidente se tenta fazer sobressair as qualidades da sua política e disfarçar os falhanços, sem que seja necessário mentir. Quando inquirido sobre os padrões de moralidade de tal comportamento, ele apenas respondeu que não se tratava de uma questão de moralidade, mas apenas de “politics”. O interlocutor optou então por bater em retirada.

sexta-feira, março 26, 2004

Vozes do além

Ninguém tem a obrigação de ter voz tonitruante e capaz de se fazer ouvir a 2 quarteirões.
No entanto, quem é comprovadamente possuidor da chamada voz de cana rachada deveria exmir-se a tentar falar alto sem motivo de grande urgência.
Alguém devia dizer isto ao advogado Celso Cruzeiro.
Para ex-grande líder das movimentações estudantis antifascistas dos anos 60, a vozinha do homem, em especial qualdo aparenta estar abespinhado, lembra um pífaro anémico e desafinado.

terça-feira, março 23, 2004

Ainda bem

Ainda bem que os nossos governantes já anunciaram publicamente quando vão repor as fronteiras, para evitar a entrada dos terroristas. Nem se esqueceram de acrescentar que a coisa demora, pois é necessário formar o pessoal e arranjar equipamento.
Assim sempre se evitam chatices.
Os ditos terroristas ficaram a saber que até lá podem entrar à vontade.
Os futuros funcionários fronteiriços também podem ficar descansados por, nessa altura, não deve haver muito apra fazer, pois o pessoal já está cá dentro.

Nada com a estupidez lusa em todo o seu esplendor, Dr. Burroso.

sexta-feira, março 19, 2004

Ataques de esquerdite repassada

O distinto dr. Mário Soares lembrou-se de retirar o seu poeirento socialismo da gaveta onde repousava há mais de duas décadas.
Nada de mal, em particular atendendo às consequ~encias que a idade traz ao raciocínio e memória.
Mas, quem ainda não avança pela senilidade, ainda se lembra dos tempos em que foi 1º ministro e era o menino bonito e amestrado do FMI.
Está no direito dele achar que, entre o défice e o desemprego, se deve sacrificar o défice.
Até concordo.
O problema é que lhe não reconheço a ele legitimidade para fazer tal crítica, a menos que faça prolongado e público mea culpa pelo que fez durante o governo do Bloco Central.
Ninguém tem culpa de ser senil. O filho também não está em condições para o aconselhar a não fazer figuras tristes. Os assessores devem ter medo de perder os empregos.
Não haverá ninguém que lhe faça o favor de chamar a atenção para a figura que anda a fazer.
No seu afá de tocar a rebate pela "Esquerda", faz lembrar aqueles velhos gaiteiros a correr atrás de moçoilas viçosas.
O problema, é que como eles, não sabe para quê.

terça-feira, março 16, 2004

Viva a Democracia

Confesso que a democracia só me deixa verdadeiramente feliz quando acontecem situações como em Espanha.
Assim é que é.
Nada como ter a oportunidade de, após uma sacanice de Estado, deitar borda fora quem lá está.
infelizmente, na maior parte dos casos, os senhores recebem cheques em branco para 4 anos. Levam 3,5 anos a fazer asneira e depois em 6 meses tentam que o pessoal esqueça o que se passou antes.
O curioso é que por vezes conseguem.
Em Espanha, felizmente, os culpados foram de imediato castigados e a asneira não morreu solteira.
Pudera ser sempre assim.

segunda-feira, março 08, 2004

Stress ?????

Um estudo europeu sobre a Saúde afirma que estamos à frente nos países com mais queixas relativas a stress (40%).
O QUÊ ??????
Não sei onde terão feito tal estudo.
Terá sido do lado de cá ou de lá do balcão de uma Repartição Pública ?
Terá sido entre os automobilistas que cumprem as regras de circulação ?
Terá sido entre os doentes à espera nas Urgências nos nossos hospitais ?
Terá sido numa fila do supermercado ao fim de semana ?
Terá sido entre os adeptos do Benfica ?
Entre os que têm processos pendentes em tribunais ?
Entre quem cumpre os seus deveres fiscais ?
Ou só aos filhos do Santana Lopes ?
Por certo que não foi feito à generalidade dos funcionários públicos, aos médicos em horário de trabalho no hospital público, a juízes com processos pendentes de criminalidade económica, deputados, funcionários camarários a cargo de processos de licenciamento de obras ou emsmo à generalidade dos agentes da PSP ou GNR.
pensando bem, a nossa taxa de stress devia ser de 50%, pois por certo que metade dos(as) portugueses(as) anda fartinho de aturar a outra metade.

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