segunda-feira, outubro 13, 2003

Crispação juvenil

Nas notícias de um qualuqer canal, uma líder estudantil dizia que a juventude estudantil está crispada. Eu diria antes eriçada a avaliar pelo aspecto da dita líder. Se me orgulho de algo no meu passado académico é do cuidado extremo que pus em não me misturar com coisas que respondessem pelo nome colectivo de Associação de Estudantes. Quase escapei, mas ainda fui obrigado a uns contactos muito tangentes com a tribo. Nunca percebi porque os rapazes falam tão alto, gesticulavam tanto e estavam contra tudo, principalmente contra o que não percebiam (o que, por definição, era tudo). Nem nunca percebi porque todas as raparigas activistas pouco se distinguiam dos rapazes, acne e buço juvenil incluídos. E porque todos eram versões – antes desta moda agora de voltarem às capas tradicionais na hora dos telejornais – envelhecidas do Yasser Arafat, com o lenço palestiniano pelo pescoço, cabeça, cintura ou sei lá que partes ocultas.
Tive a sorte de só assistir de longe à tomada do poder na AE da minha Faculdade pela pré-“juventude” bloquista (na altura ainda respondiam por PSR). Aquela malta toda junta tinha 10% dos neurónios de quem os manipulava de fora, a partir do próprio corpo docente da casa. Faziam era muito barulho e, como os papás e as mamãs em meados dos anos 70 embora com menos talento, borravam as paredes. E, como os progenitores e/ou os seus inspiradores, tinham (têm) tanto respeito pela democracia e liberdade de opinião como eu pela honestidade de um dirigente futebolístico de sucesso. Vá de fechar as portas a cadeado e de berrar nas RGA’s quando a conversa não lhes agradava.
Quando vejo a nova geração contestatária – cujos cabecilhas são normalmente colocados onde estão pela “Jotas” e obedecem ás voz do dono como ninguém – lembro-me das que conheci nos últimos 20 anos e dos seus “sucessos”. Só para dar um exemplo, ainda alguém se lembra de um tal Vigário (estava com ar anafadamente respeitável no debate da RTP1) que, nos tempos do cavaquismo, berrava como ninguém em Coimbra ? Procurem por ele e vejam lá monde ele se acomodou logo depois de acabar – por fim – o raio do curso ? Vejam lá se a paga não valeu o gasto de pastilhas para a garganta ? Acham que, se não tivesse berrado o que berrou, com ou sem razão, tinha logo sido convidado para um gabinete de ilustres casuídicos do PS ? >Se acham que sim, se calhar fizeram parte da carneirada que foi atrás da conversa.





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