sábado, outubro 02, 2004

Só temos o que merecemos

Os professores têm a Ministra que merecem.
As últimas prestações da sôtôra perante os meios de comunicação social demonstram à saciedade a displiscência, indiferença, sobranceria e, talvez bem pior, a mera falta de educação da dita cuja perante os professores e alunos dos ensinos básico e secundário deste país.
A criatura não percebe nada do assunto (já os secretários de Estado têm-se revelado bem melhores do que eu esperava), mas sente-se com a rectaguarda protegida e arma-se em “chica-esperta” quando é interrogada sobre o seu desempenho, reagindo como se estivesse perante os seus alunos da Faculdade, argumentando de forma confusa, virando as costas quando incomodada, atirando respostas parvas para a multidão.
Mas a culpa é, em grande parte dos próprios professores que, àparte um ou outro sindicato com algum poder de intervenção, nunca se souberam constituir como um grupo de pressão eficaz.
As políticas de educação são definidas e implementadas com consultas apenas a pequenos grupos de apaniguados das estruturas ministeriais.
Até nos debates televisivos sobre a Educação ou a situação da colocação dos professores se vê o desrespeito a que chegámos. Nas mesas de honra temos políticos, sindicalistas (que não são verdadeiramente professores há muito tempo), docentes universitários, opinadores, representantes de associações de pais, etc. Só não temos professores reais. Quando existem, estão na assistência como figuras decorativas, com direito a uma intervenção e pouco mais. Quando não despejam a cartilha do politiquês correcto e das tristes pedagogias da moda bem pensante, são olhados com comiseração e ignorados no que afirmam. Quanto muito, para apimentar as audiências, realçam-se os “dramas humanos” de quem anda com a casa às costas.
Para a opinião pública média o professor decaiu na sua consideração social, para os decisores políticos passou a ser (a par dos alunos) carne para o canhão das experiências educativas, para os alunos deixou de ser, por regra, uma figura de referência.
Depois ainda nos calham destas ministras sorteadas entre os conhecimentos de não sei quem. Juntamente com o breve Diamantino Durão (ministro porque era tiozinho do Zé Manel), o sempre pronto para cargos Couto dos Santos, a gestora Manuela Ferreira Leite, esta parece vir a ser um(a) dos(as) piores ocupantes do cargo de sempre.
Pior só a catastrófica secretária de estado Ana Benavente com a sua beatífica posição desresponsabilizante e irresponsável, caucionada pelos apoios no aparelho PS e por nebulosas teorias pseudo-científicas.
Mas essa, infelizmente para quem anda no sistema educativo, se calhar ainda volta, de tão mal que isto anda.





<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?