O Espelho das Virtudes

Não sei se algum dos não pronunciados no processo da Casa Pia é inocente ou culpado (quer dizer, há um que todos que o conhecem sabem o que faz, mas isso não vem ao caso).
O que sei são outras coisas:
a) Muita incompetência está a vir ao de cima, em particular na construção da acusação. Não sei se incompetência negligente ou dolosa. Esta incompetência resulta do facto de cada vez existirem mais incompetentes em posições-chave, em virtude da falta de exigência que alastra em todos os níveis da nossa sociedade. Como existem necessidades quantitativas de provimento de lugares, os critérios qualitativos para os preencherem têm baixado a níveis inimagináveis.
b) Cada vez existem menos crimes atribuídos aos arguidos do processo. Por uma ou outra forma, vão desaparecendo: má condução da investigação, pormenores processuais, habilidades ilibatórias, etc.
Uma coisa eu prevejo: vamos ter um ou dois bodes expiatórios e o resto dissolver-se-á em fumo. Ao contrário de muitos indignados, acho que muitos dos envolvidos não vão ficar marcados por este processo. À distância vão ser vistos como uns heróis que resistiram aos mecanismos repressivos da Justiça portuguesa.