sábado, novembro 08, 2003

Vira o disco e toca o mesmo

Um dos maiores problemas da nossa sociedade é a carência de elites, em quantidade e q ualidade.
Mesmo se a quantidade não é critério essencial (afinal, as elites não são as massas), a qualidade já o é. Por isso, acabamos por estar sempre a ver e a ouvir os mesmos, a dizer o mesmo e pouco mais, a convite de outros que também são sempre os mesmos, mesmo que em outras cadeiras.
Vem isto a propósito de grande parte do que passam por ser as entrevistadores da nossa comunicação social. Se a Judite de Sousa lá vai fazendo o que pode na RTP1 (e lá dá conta do recado, a custo de ultrapassar algumas limitaçõs), duas outras situações já derrapam, para mim, no abuso da caricatura.
Símbolos de duas gerações diferentes, Maria João Avillez (assim, com consoantes dobradas para dar pedigree) e Margarida Marante são duas dessas entrevistadoras que fazem sempre a mesma entrevista, a qual passa por se mostrarem a si próprias no que acham ser o seu melhor.
Se a primeira entrevista sempre, dos tempos do Expresso à actual fase da Sic-Notícias, as mesmas pessoas e que – nas próprias palavras de um seu entrevistado que não cabia na definição – em 95% dos casos vivem entre o Terreiro do Paço e as linhas de Cascais e Sintra (e em 80% são amigos pessoais de longa data, já dupla e triplamente entrevistados sem ganhos adicionais a cada nova vez), já a segunda oscila os ciclos com as determinações da situação do esposo, embora também faça fundamentalmente sempre as mesmas entrevistas. Na fase actual - dinastia rangeliana – as entrevistas passaram da SIC para a TSF (com o DN pelo meio, em virtude dos interesses da Lusomundo) mas não deixam de ser as mesmas aos mesmos, até cansar. Parece que os potenciais entrevistados nunca mudam, apenas mudando de estatuto: agora é ministro, amanhã é analista, depois é bastonário ou administrador, agora é outra vez ministro, etc, etc.
Enfado dos enfados. É que nem as moscas mudam.





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