terça-feira, setembro 02, 2003

Sonho de uma vida

Um dos meus mais antigos e inconfessáveis sonhos é o de ter o super-poder de, uma vez por dia, semana ou quinzena, fazer cair um balde de merdinha fresca sobre a cabeça de uma pessoa que me irrite particularmente devido à sua manifesta estupidez.
Este tipo de anseio ocorre-me quase sempre quando conduzo, nem sei bem porquê.
Ocasionalmente, surge-me no local de trabalho pois, sendo professor, contacto numa base diária com manifestações da mais pura estupidez humana (e não me estou a referir apenas, ou mesmo maioritariamente, ao corpo discente).
Cada vez mais, irrompe quando vejo aparições “públicas” de figuras ditas “públicas”.
A penúltima vez foi quando vi o Ministro da Defesa ajoelhado, mãos-postas em oração, na cerimónia de homenagem a Maggiolo Gouveia. A última foi quando o vi na Sic-Notícias a justificar ao jornalista Ricardo Costa o facto de assim ter sido fotografado.
A culpa, de acordo com esta luminária serôdia da nossa política, é de quem o fotografou devassando a sua atitude, a qual era ditada por convicções pessoais e íntimas.
Esquece-se esta criatura que a cerimónia ou era pública – e o fotógrafo tinha toda a legitimidade para fazer o que fez – ou era privada – e o fotógrafo nem poderia lá estar e isso ninguém ainda afirmou ou fez qualquer tenção de o processar por invadir um espaço privado sem autorização.
Esquece-se ainda que o que está em causa é o comportamento de um Ministro, teórica 2ª figura da governação, e não do registo desse comportamento.
E pensar eu que cheguei a comprar o Independente umas vezes no início dos anos 90.
E pensar eu que comprei a “K” desde o início.
E pensar eu que achava o jornalista Paulo Portas tinha ideias claras, lógicas e coerentes.
Eu era, realmente, uma grande besta.
Afinal, o balde de merda devia era cair em cima de mim.





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