terça-feira, setembro 02, 2003

Santa Ignorância

O excelentíssimo académico da esquerda alternativa Miguel Vale de Almeida leu o livro do Martin Amis sobre o Estaline e, por fim, viu a luz.
Descobriu, por fim, que o estalinismo era mau e os crimes soviéticos equivalentes aos de outras ditaduras.
Aleluia a todos os deuses nas alturas.
Esta alma penada tinha vivido até agora no obscurantismo e só graças a uma leitura, quiçá ocasional, descobriu ao fim de umas décadas de vida aquilo que, mesmo para os apoiantes do regime estalinista, nunca foi propriamente desconhecido.
Diz a criatura que agora vai discutir com os colegas de Partido – seria melhor dizer do Bloco, porque o “bloco” une e o partido “parte” – estas questões pertinentes.
Para lá de ir com uns bons anos de atraso discutir estas coisas, não sei se terá grandes vantagens em conversar sobre isto com os colegas bloquistas, qual deles o mais empedernido ideologicamente.
O excelentíssimo professor Fernando Rosas pode sempre dizer que passou de estalinista a maoísta ainda nos anos 60 e que, como sabemos, a China de Mao era uma ditadura benigna que nunca fez mal a ninguém. O camarada Louçã, líder de todas as contestações vividas e por viver, dirá que é trotskista e que o que de bom tem o trotskismo – seja isto lá o que for, porque nunca percebi o que era – é que nunca foi experimentado e, portanto, não tem defeitos que lhe possam ser apontados. O sempre rebelde Portas – o Miguel, é claro – dirá que não sabe muito bem a que “ismo” ainda pertence e que, por isso mesmo, não é nada com ele e que o que um gajo quer é passar despercebido agora que o maninho mais novo só faz é caquinha.
Por isso, camarada Miguel, faça antes de conta que não leu nada e deixe tudo como está poorque, ou passa por estúpido – e mesmo que o seja, não o quererá assim reconhecido em praça pública – ou então ainda acaba à porta do Bloco, sem saber o que lhe aconteceu, com um belo pontapé naquele sítio a que costuma dar outro tipo de utilização.





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